terça-feira, 18 de maio de 2010

Textos e livros misteriosos - parte 1

A esmagadora maioria dos livros destina-se, logicamente, à instrução de um dado assunto, quer seja fictício ou não. Além disso, os livros são organizados de modo que sejam fáceis de ser lidos e compreendidos, e os mais antigos podem muitas vezes servir como janelas para culturas extintas.
Mas existem livros que por causa de uma "ofuscação" intencional por parte do autor, ou em virtude de estarem escritos em línguas mortas, permanecem um mistério nos dias de hoje, e não faltam pessoas curiosas em estudá-los. A seguir apresento alguns destes livros e textos tão intrigantes:



Codex Seraphinianus

Antes de tratar do assunto em si, devo esclarecer o que é um codex (ou códice, em português).
Os códices eram manuscritos oriundos do período da era antiga tardia até a Idade Média. Manuscritos das Américas foram escritos por volta do século XVI.
O códice surgiu após o pergaminho, e gradativamente substituiu este último como suporte da escrita. O códice, por sua vez, foi substituído pelo livro impresso.

Escrito entre 1976 e 1978 pelo artista italiano Luigi Serafini, o Seraphinianus Codex é uma tentativa deliberada de criar algo misterioso. Tanto o quanto pode ser entendido, o livro é uma enciclopédia de um mundo imaginário, completo, com mapas e desenhos de vida vegetal e animal. O mais interessante é que Serafini escreveu o codex na língua do seu mundo hipotético.
O texto é todo escrito em um alfabeto estranho que até hoje não foi traduzido, mesmo depois de intenso estudo por linguistas. Uma vez que o próprio texto é ilegível, o Codex tornou-se bastante famoso.
Existem inúmeras teorias sobre o que Codex Seraphinianus realmente é, mas Serafini manteve-se calado sobre o verdadeiro significado do códice. Críticos e admiradores propuseram diversas teorias, mas até hoje nenhuma resposta mostrou-se satisfatória.


Link da imagem:http://www.tomorrowland.org/photos/uncategorized/codex.jpg


Link da imagem: http://www.believermag.com/issues/200705/codex_seraphinianus/4.jpg



Liber Linteus Zagrabiensis

O Liber Linteus Zagrabiensis é um texto antigo que remonta aos tempos dos etruscos, uma cultura que floresceu na Itália nos anos que precederam a ascensão do Império Romano. Além de ser um dos mais longos e antigos documentos entruscos, o Liber Linteus também é notável por ser o único exemplar conhecido de um livro feito de linho.
Ainda mais interessante que o próprio documento é o contexto da sua descoberta.
Após a queda dos etruscos, os artefatos de sua cultura deixaram de ter qualquer significado para os romanos, exceto pelo fato de o Líber Linteus ser composto de linho. Isso porque os romanos começaram a abraçar o costume de mumificação após a conquista do Egito, e esta exigia que o corpo fosse envolto em panos. Assim, o Liber Linteus acabou sendo utilizado como invólucro funerário para o corpo mumificado de uma mulher. Centenas de anos mais tarde, a múmia foi comprada por um croata rico, que pretendia utilizá-la como “decoração”. Após sua morte, por volta de 1800, a múmia foi doada a um museu, e só então o significado cultural do Liber Linteus foi descoberto.
Em sua totalidade, o Liber Linteus é composto de 230 linhas de texto num total de 1.200 palavras. Muito pouco se sabe sobre a língua etrusca, e devido a isso, o texto nunca foi inteiramente traduzido. Mas baseados em seu conhecimento limitado, os estudiosos concluíram que o Liber Linteus é provavelmente um calendário descrevendo o ritual religioso etrusco.


Link da imagem: http://www.toptenz.net/wp-content/uploads/2010/04/liberlinteus-560x305.jpg



Codex Rohonc

Um documento que prova ser até hoje resistente a qualquer tipo de tradução ou explicação consistente é o Codex Rohonc, um livro que surgiu na Hungria por volta de 1700. A obra é composta de 448 páginas de texto, toda escrita em uma língua ainda desconhecida.
Talvez ainda mais fascinante do que o texto do Codex Rohonc são as 87 ilustrações que o acompanham. Elas retratam desde paisagens a batalhas militares, empregando iconografia religiosa tanto do cristianismo, como do hindu e do islamismo.
Existem várias explicações parciais para o Codex Rohonc, cada uma com seus significados únicos. Uma dessas explicações alega que documento é um texto religioso, enquanto outra alega que é uma história dos Vlachs, uma cultura que prosperou na Romênia moderna. Existe ainda uma outra que diz que o documento é uma fraude criada por Samuel Literati Nemes, um falsificador que viveu nos anos de 1800, mas esta ideia tem sido muitas vezes contestada, já que a teoria de falsificação nunca foi comprovada.


Link da imagem: http://www.toptenz.net/wp-content/uploads/2010/04/The-Rohonc-Codex.jpg



Escrita Rongorongo

Rongorongo refere-se a um sistema de escrita pictográfica indecifrável que se originou na pequena ilha de Rapa Nui, também conhecida como Ilha de Páscoa. Existem poucas peças relacionadas ao sistema Rongorongo, exceto algumas esculturas de pedra e tábuas de madeira, e estas continuam a ser um dos maiores mistérios não resolvidos da linguística no mundo.
Isso ocorre porque o isolamento completo da Ilha de Páscoa significa que a escrita Rongorongo teria sido criada sem a influência de outras línguas, um recurso que fornece aos cientistas uma oportunidade única de analisar a forma como uma escrita surge. Assim como os hieróglifos egípcios, Rongorongo é uma escrita pictográfica representada pela natureza, que inclui plantas e animais que teriam existido na Ilha de Páscoa, antes de sua descoberta pelos europeus, por volta de 1700.
Apesar de grandes estudos, os cientistas foram incapazes de traduzir qualquer trecho do sistema de escrita Rongorongo.


Link da imagem: http://www.toptenz.net/wp-content/uploads/2010/04/Rongorongo.jpg

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